Primeiro-ministro Gordon Brown pressionado para convocar eleiçõesPresidente do Parlamento britânico apresentou a demissão 19.05.2009 - 14h29 PÚBLICO O presidente do Parlamento britânico, Michael Martin, disse hoje que se vai demitir a 21 de Junho, depois de o seu desempenho ter sido posto em causa devido ao escândalo de apresentação indevida de despesas por vários deputados.
Uma moção de não confiança no presidente da Câmara dos Comuns foi apresentada por 23 deputados de vários partidos e esta é a primeira vez em 300 anos que um líder do Parlamento britânico está a ser pressionado para se demitir.
Vários deputados e órgãos de informação britânicos tinham dado como certa a demissão de Martin. Ontem, o speaker pediu desculpa pelo escândalo que causou “danos terríveis” à reputação do Parlamento, anunciou que iria reunir-se hoje e amanhã com os líderes dos vários partidos mas recusou falar do seu futuro próximo.
É a primeira vez em mais de 300 anos que um presidente da Câmara dos Comuns apresenta a sua demissão, segundo a BBC.
Em causa está um escândalo divulgado pelo diário britânico "Daily Telegraph" segundo o qual pelo menos 18 membros do Parlamento apresentaram despesas indevidas, por exemplo relacionadas com obras de renovação em casa, trabalhos de jardinagem ou decoração de interiores. Agora Martin tem sido acusado de se opor a uma maior transparência relacionada com as despesas dos deputados.
O primeiro-ministro Gordon Brown convocou para esta tarde uma conferência de imprensa, depois de ter sido ontem pressionado pelo líder do Partido Conservador, David Cameron, para convocar eleições antecipadas. O Governo não é obrigado a convocar eleições legislativas antes de Junho de 2010, mas Cameron, à frente nas sondagens, sublinhou que as pessoas estão mais preocupadas com uma oportunidade para votar do que com a escolha de um novo presidente da Câmara dos Comuns. “As pessoas querem eleger um novo Parlamento”, disse à BBC. “A sua visão é a de que trocar uma pessoa com um divertido traje preto por outra pessoa com um divertido traje preto não vai fazer diferença”, adiantou Cameron.
A hipótese de Brown convocar eleições antecipadas é, no entanto, rejeitada por vários analistas. “É pouco provável”, disse à Reuters Andrew Russell, da Universidade de Manchester. O primeiro-ministro, no entanto, prometeu tomar uma atitude e defendeu a reforma do sistema de despesas dos parlamentares. Uma sondagem publicada pelo diário The Guardian dá agora uma descida de dois pontos percentuais aos trabalhistas de Brown e de um por cento aos conservadores de Cameron, cuja vantagem é de 39 contra 28 por cento.